Cinquenta Tons de Cinza; análise sobre o filme
Um novo Crepúsculo: essa foi a primeira impressão que tive ao assistir as cenas iniciais do tão esperado Cinquenta Tons de Cinza. Sucesso imbatível de bilheteria – líder em mais de 50 países -, o filme, inspirado no livro de mesmo nome, conta a história de Anastacia Steele (interpretada por Dakota Johnson) e Christian Grey (Jamie Dornan): a moça simples que, por casualidade do destino, é colocada à frente do magnata. Dá para imaginar que o enredo segue uma fórmula da fábula infantil: a sensação de perseguir o inalcançável – assim como Bella, de Crepúsculo, almeja um amor com todas as complexidades de um ser imortal.

Não se apaixonar por Dakota só é possível, ao que parece, para o papel de Dornan: a atriz mostra sensualidade (com sua característica mordida de lábio) e corpo impecável, mas, infelizmente, não convence como uma virgem de 21 anos. Por sua vez, devo reconhecer, Dornan convence como o jovem rico e sedutor de 27 anos (confirmado pelos suspiros ouvidos, frequentemente, na sessão em que estive).
Confesso que não li o livro, e entrar na discussão sobre o abismo entre a expectativa criada pelo imaginário e a realidade apresentada na tela grande é inútil – a experiência ao ler um livro sempre será mais agradável que visualizá-la em um recorte audiovisual -, mas não senti falta de nada. Melhor dizendo: para mim, a história teve começo, meio e criou a expectativa necessária para a continuação da trilogia (Cinquenta Tons mais Escuros, que deve contar com maior controle do best-seller, E. L. James).
É claro que alguns – assim como eu – podem ser levados a acreditar que a linguagem – literalmente, verbal – explorada pelo filme é grosseira – e defendo que é, sim (como no momento em que, questionado por Ana se faria “amor” com ela, Christian dispara: “Não faço amor. Eu fodo, e com força”). Falta sofisticação aos diálogos.
Por outro lado, Cinquenta Tons de Cinza me surpreendeu com a qualidade de sua fotografia e impecável continuidade – é possível perceber o zelo pelos detalhes. As cenas de sexo explícito são na medida, e o assunto central da obra – o sadomasoquismo -, esse sim, é tratado de forma elegante, que nos desperta a curiosidade, o interesse, e não o receio ou aversão.
O único ponto que senti como negativo é o apego da trama ao contrato a ser firmado entre Ana e Grey sobre as condições de tal “relacionamento”: as duas horas e meia de duração poderiam ser melhor aproveitadas. Ao fim desse período, a mesma cena que nos entrega à essa deliciosa história de sedução é a de despedida dela, ou, pelo menos, de sua primeira parte. Ana. Christian. Até breve!
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