Brasileiro teme fraudes e está mais atento à violação de dados pessoais

É o que revelou a pesquisa Observatório Febraban, sobre segurança de dados; população está mais preocupada em proteger seus dados.

Grande parte dos brasileiros já sofreu uma tentativa de fraude ou conhece alguém que tenha sido vítima, o que fez crescer o alerta sobre golpes e violações dos dados pessoais no Brasil. Apesar de ter uma atenção maior para o assunto, um terço dos brasileiros acredita que está menos seguro nos últimos anos; e, para o futuro, 54% têm a expectativa de avanço na segurança digital, mas 22% apostam que seus dados ainda vão estar menos seguros. É o que revelou a 7ª edição do Observatório Febraban - Pesquisa Febraban-Ipespe, que entrevistou 3 mil pessoas nas cinco regiões do país entre os dias 18 e 25 de junho de 2021.

Na pandemia de covid, a demanda pelo meio digital aumentou e, forçadamente, trabalho, compras e transações financeiras passaram a fazer parte da rotina de casa. Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), no primeiro bimestre de 2021 os ataques de phishing, a chamada 'pescaria digital', cresceu 100% em relação a 2020, enquanto os golpes da falsa central telefônica e do falso funcionário de banco tiveram crescimento ainda maior: 340%.

Brasileiro teme fraudes e está mais atento à violação de dados pessoais

"Segurança digital é um tema que a sociedade precisa encarar de frente e já está fazendo, pois diariamente esses crimes afetam pessoas e empresas, ganham espaço no noticiário econômico, político e policial envolvendo não só o cidadão, mas também grandes corporações e instituições públicas e privadas. Um bom indicador da pesquisa é que o brasileiro está atento, sobretudo quanto ao uso que as empresas privadas fazem dos seus dados pessoais", diz o presidente da Febraban, Isaac Sidney.

Veja, abaixo, algumas das principais constatações do Observatório Febraban sobre segurança digital:

  • Crimes na pandemia de covid: 91% dos entrevistados avalia que os crimes aumentaram muito (46%) ou aumentaram (45%) no período da pandemia de covid; e somente 5% acham que diminuíram (4%) ou diminuíram muito (1%). Nos últimos 12 meses, os próprios entrevistados ou familiares foram vítimas, sendo as situações mais comuns aquelas envolvendo recebimento de mensagens ou ligação telefônica com solicitação fraudulenta seja de dados pessoais ou dados bancários (43%), seja de depósito ou transferência de dinheiro para amigo ou parente (34%). Além dessas: cobranças fraudulentas ou compras indevidas em seu cartão de débito ou crédito (29%); invasão do e-mail ou invasão de redes sociais, com alguém assumindo o controle sem permissão (18%); clonagem de celular ou clonagem de WhatsApp (18%); tentativa de abertura de linha de crédito ou solicitação de empréstimo usando seu nome (15%); e invasão e acesso a dados bancários (14%);
  • Cuidados para evitar fraudes: muitos brasileiros já adotam hábitos visando a proteção de seus dados. Segundo a pesquisa, 57% sempre ou frequentemente costumam escolher senhas fortes; 26% escolhem às vezes e 13% raramente ou nunca. 37% sempre ou frequentemente utilizam a biometria; enquanto 30% usam às vezes e 29% raramente ou nunca usam. 36% sempre ou frequentemente fornecem seus dados quando realizam compras em sites ou lojas físicas; 42% fornecem às vezes e 20%, nunca ou raramente o fazem. 33% sempre ou frequentemente aceitam a política de cookies; 36%, às vezes e 27%, raramente ou nunca. 29% sempre ou frequentemente mudam suas senhas; 43% mudam às vezes e 25% raramente ou nunca. 26% criam cartão on-line para uso por tempo determinado; 24% recorrem a esse serviço às vezes e 44%, raramente ou nunca;
  • Medo de fraudes: a grande maioria dos entrevistados (86%) afirma ter medo - muito (53%) ou algum (33%) - de ser vítima de fraudes ou violações de dados pessoais. Apenas 13% expressam pouco (10%) ou nenhum (3%) medo. Embora 42% percebam uma evolução positiva na segurança de seus dados pessoais, nos últimos cinco anos, um terço (33%) acredita que estão menos seguros e 22% não identificam alteração. Já para os próximos cinco anos, 54% têm a expectativa de avanço na segurança e apenas 22% apostam que esses dados estarão ainda menos seguros. Percentual similar (19%) acredita que essa realidade não sofrerá alteração;
  • Riscos versus benefícios: predomina a percepção (56%) de que os riscos existentes no fornecimento de dados pessoais a empresas e instituições superam os benefícios recebidos. A minoria (28%) expressa opinião contrária, ou seja, os benefícios superam riscos. Apenas 13% se consideram muito beneficiados pelas empresas que coletam seus dados pessoais; 32%, mais ou menos; 25%, pouco; e outros 25% não identificam nenhum benefício;
  • Atividades mais vulneráveis: as atividades ou situações apontadas como mais suscetíveis para que empresas ou instituições acessem seus dados são compras on-line (35% das citações), sites em geral (33%), pesquisas on-line sobre termos e uso de sites de busca (23%) e serviços bancários on-line ou telefônicos (21%). Abaixo do patamar de 20% estão postagens e atividades nas redes sociais (17%), uso de aplicativos sobre localização física (15%), cadastros de serviços públicos (13%), e conversas no WhatsApp e outros aplicativos similares (12%). Com os menores percentuais de menção aparecem os jogos on-line (8%) e as compras presenciais (4%);
  • Acesso de dados por empresas privadas: a acesso aos dados por empresas privadas e públicas é aceito em algumas situações, demonstrando que, em tese, as pessoas permitem a utilização de seus dados pessoais para melhorar a vida em sociedade. Para prevenir ou evitar crimes (aceitável para 84%); prevenir fraudes e golpes com dados bancários (83%); prevenir  fraudes e golpes em compras (83%); prevenir situações de suicídio e ajudar em casos de depressão (77%); melhorar resultados educacionais (76%); desenvolver novos produtos e melhorar o atendimento aos consumidores (73%); e desenvolver pesquisas médicas e científicas (71%) são algumas dessas situações;
  • Controle e preocupação com seus próprios dados: a maioria das pessoas (53%) acha que tem controle - muito (14%) ou algum (39%) - sobre seus dados; mas há uma grande parcela (44%) que acredita ter pouco (28%) ou nenhum controle (16%). Apesar da maioria achar que tem controle sobre os seus dados, essa vigilância e captação de informações por parte de empresas e governos geram expressiva preocupação: 75% dos entrevistados se dizem preocupados como as empresas e instituições utilizam esses dados, percentual maior se comparado aos governos (69%). Apenas 23% não estão preocupados ou estão pouco preocupados como os dados são usados pela iniciativa privada, sentimento próximo ao registrado em relação aos governos (28%);
  • Mito da privacidade: para 59% das pessoas ouvidas a privacidade se tornou um mito, já que as empresas, de alguma forma, acessam os dados de seus usuários. Apenas 37% acham que essas informações só são acessíveis com o conhecimento ou consentimento das pessoas;
  • Termos de política de privacidade e compreensão: em regra, as pessoas afirmam ser solicitadas sempre (35%) ou frequentemente (25%) a ler e/ou concordar com os termos da política de privacidade das empresas, enquanto para 13% dos entrevistados essa solicitação ocorre às vezes, para 5% raramente e 20% disseram nunca serem solicitados. Quando se trata de ler os termos e condições da política de privacidade das empresas, 26% declaram fazê-lo às vezes, 16% raramente e 12% nunca o fazem. Os mais cuidadosos somam 44% que sempre (23%) ou frequentemente (21%) leem antes de atestar sua concordância. O grau de entendimento das políticas de privacidade submetidas à concordância do público é baixo. Apenas 15% garantem compreendê-los muito bem, ao passo que 48% entendem mais ou menos, 25% pouco e 10% não entendem nada;
  • Conhecimento sobre a legislação: apenas 11% das pessoas afirmam conhecer muito bem as leis de proteção de dados e 45% acham que conhecem mais ou menos. Outros 31% conhecem pouco e 11% não conhecem nada. Em relação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), 9% dizem conhecer muito bem e 28% conhecem mais ou menos; a maioria (60%) conhece só de ouvir falar (33%) ou não conhece (27%). Quanto à Lei nº 14.155, que prevê punições mais severas para fraudes e golpes cometidos em meios eletrônicos: 6% conhecem muito bem e 30% conhecem mais ou menos; 61% conhecem só de ouvir falar (35%) ou não conhecem (26%);
  • Confiança nas empresas: apesar dos medos, chega a 70% o contingente que confia nas empresas e instituições com que transacionam para manter suas informações seguras. Desse total, 19% confiam muito e 51% confiam. Essa confiança aumentou nos últimos 12 meses para 42% (12% confiam muito e 30% confiam um pouco). Para 23% a confiança diminuiu, e para outros 22% ela não sofreu alteração.

Com informações da Febraban

Blog do Maurício Araya

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Sobre o autor: Maurício Araya é jornalista profissional (DRT-MA nº 1.139), com ênfase em produção de conteúdo para Web, edição de fotos e vídeos e desenvolvimento de infográficos; com passagem pelas redações do Imirante.com e g1 no Maranhão; e vencedor, por dois anos (2014 e 2015), da etapa estadual do Prêmio Sebrae de Jornalismo, na categoria Webjornalismo. Saiba mais

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