CCVM debate design, consumo consciente e reciclagem
Programação da 21ª Semana Nacional de Museus conta com exibição de documentários e mesas-redondas.
Com o tema Museus, sustentabilidade e bem-estar, começa nesta segunda-feira (15), em todo Brasil, a 21ª edição da Semana Nacional de Museus. O objetivo do evento é destacar a importância dos espaços enquanto promotores de qualidade de vida, apoiados em uma visão que comunga o cuidado com o meio ambiente, o respeito à comunidade e desenvolvimento econômico.
Apoiando a programação nacional, o Instituto Cultural Vale realiza atividades em seus quatro espaços. No Maranhão, o Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM) promove o ciclo de diálogos Conversas biocêntricas: para além da sustentabilidade, com dois debates abertos e uma mostra de cinema que discutirão o papel do design na proposição de novas perspectivas para o consumo, a produção e a reciclagem.

A curadoria é de Raquel Noronha, designer, mestre e doutora em ciências sociais, professora adjunta da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Design, coordenadora do Núcleo de Pesquisas em Inovação, Design e Antropologia (Nida), onde pesquisa sobre as relações entre artesãs, materiais, formas de conhecimento e práticas criativas, em uma abordagem decolonial do design.
"O cenário global que temos não é de uma crise climática, mas de uma mudança. Não há volta. Diante disso, é urgente reorganizar nossas rotas e pensarmos novas formas de ser e estar no planeta, de lidar com as impossibilidades e sufocamentos causados por tantas insustentabilidades. Neste ciclo de conversas, apresentamos visões sobre a secularização e apartamento dicotômico entre homem e natureza a partir do design, buscando formas de assumirmos nossos fracassos enquanto produtores de mundos e redirecionar a reflexão e a produção na contemporaneidade, em meio às ruínas", reflete.
O evento conta com a participação da professora e pesquisadora Maria Cecília Loschiavo, coordenadora e assessora científica nas principais agências de fomento brasileiras, destacando-se seu papel como membro do Comitê de Assessoramento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para a área de design. Doutora em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), é professora de design da instituição, integrante da Rede Latinoamericana de Pesquisa em Design e Gênero e especialista em design para a sustentabilidade, design brasileiro, design social, exclusão socioespacial, pessoas em situação de rua e catadores de recicláveis.
Filmes e debates sobre reciclagem, consumo e artesanato
No dia 16 de maio, às 19h, serão exibidos os documentários Ilha das Flores, de Jorge Furtado (1989), e Estou me guardando para quando o Carnaval chegar, de Marcelo Gomes (2019). O primeiro acompanha o fluxo de circulação de alimentos até se converterem em lixo e a desvalorização da vida perante as crises capitalistas de consumo. Mais recente, o segundo documentário traz o cotidiano do trabalho intenso em uma pequena 'China' no Nordeste brasileiro, onde as pessoas alimentam o sonho da autonomia, mas caem na armadilha da auto escravização.
Na quarta-feira, 17, ocorre a conversa aberta (In)sustentabilidade e ressurgimentos: a problemática da coleta e da reciclagem do lixo, com representantes de diversos setores que tratarão sobre políticas ambientais, econômicas e socioculturais, além de debater questões que rondam o conceito de reciclagem de resíduos sólidos e os ciclos viciosos de trabalho e precificação, e as realidades adversas em que se encontram os trabalhadores. Participam Maria Cecília Loschiavo (FAU-USP), Maria José Nascimento (Associação de Catadores de Materiais Recicláveis, Ascamar), Sidevaldo Miranda Costa (Secretaria de Estado do Trabalho e Economia Solidária, Setres) e Nayara Chaves (Fashion Revolution-IFMA).
Encerrando as atividades, no dia 18, às 18h, a conversa aberta Artesanato, participação e autonomia: resíduos, fibras e desmaterialização do design apresenta quatro iniciativas de práticas de design orientadas à vida e à autonomia de grupos produtivos do Maranhão, que repensam a maneira como produzimos, consumimos e o que consideramos necessidade. Participam Caroline Pedraça (Nida-UFMA), Tayomara dos Santos (ED-UEMG), Luiza Gomes Duarte de Farias (NidaA-UFMA) e Luiz Lagares (Nida-UFMA).
Toda a programação é gratuita, e com classificação livre. O CCVM fica localizado na rua Direita, nº 149, Centro Histórico de São Luís.
CCVM
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