Inédito em São Luís, musical ‘Gabriel só quer ser ele mesmo’ tem sessões gratuitas

Elogiado espetáculo infantil questiona, com leveza e humor, diferenças na educação de meninos e meninas, e expectativas de pais e professores.

Gabriel é um menino de oito anos que gosta de dançar, ao mesmo tempo em que joga futebol e toca rock. Mas na escola onde estuda, não querem que ele faça aula de dança só porque é menino. As dúvidas e reflexões sobre o garoto fazer o que gosta marcam a narrativa central do musical infantil Gabriel só quer ser ele mesmo, que chega a São Luís no próximo dia 15 de novembro, quarta-feira, com sessões gratuitas no palco do Teatro Arthur Azevedo (TAA), no Centro Histórico da capital maranhense.

Inédito no Maranhão e com texto da premiada dramaturga Renata Mizrahi - que também assina a direção ao lado de Priscila Vidca - e direção musical de Marcelo Rezende, o espetáculo conta a história de Gabriel, vivido por Vinicius Teixeira, que ama dançar e defende isso dentro da sua escola. Desta forma, a peça questiona, com leveza e humor, as diferenças na educação de meninos e meninas e as expectativas dos pais e professores em relação às crianças.

Inédito em São Luís, musical Gabriel só quer ser ele mesmo tem sessões gratuitas: elogiado espetáculo infantil questiona, com leveza e humor, diferenças na educação de meninos e meninas, e expectativas de pais e professores
Dalton Valério (cortesia)

A trama tem início no aniversário de nove anos de Gabriel, quando o garoto expõe o medo de que ninguém apareça na sua festa devido aos inúmeros questionamentos feitos durante o ano na escola. A história, então, é contada em formato de flashbacks, mostrando momentos em que tentaram impor à criança comportamentos baseados em estereótipos de gênero.

A ideia surgiu depois que a dramaturga Renata Mizrahi assistiu ao documentário americano The Mask You Live In. Segundo o filme, desde a infância os garotos começam a brigar se alguém lhes diz 'Quem aqui é a mulherzinha?', demonstrando como o não reconhecimento da sua masculinidade parece torná-los fracos e 'menininhas' - no caso, ser 'menininha' é considerado insulto.

Isso tem início nos primeiros anos e se arrasta por toda a vida, lamenta Renata Mizrahi. A hipermasculinização e hiperfeminilização se impõem às crianças desde o começo da vida. Até os brinquedos que são destinados para um ou para o outro são reflexos de uma tentativa de simplificar o mundo baseado em estereótipos de gênero, cuja origem não passa de mera construção social. Com este espetáculo, quero provocar a reflexão sobre educação infantil, sobre o quanto deixamos as crianças serem quem são, ou se estamos oprimindo a partir de uma conduta social automatizada, completa a autora.

Com produção da Palavra Z Produções Culturais, apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Instituto Vale Cultural e com patrocínio do Instituto Vale Cultural por meio da Lei Rouanet, o espetáculo Gabriel só quer ser ele mesmo traz músicas originais em seus 50 minutos de duração - todas criadas por Renata e Marcelo Rezende e interpretadas pelo elenco que, além de cantar, toca instrumentos como violão, pandeiro, kazoo, escaleta, tambor grave, castanhola, agogô de coco, chocalho pequeno, ukulele e triângulo. Além de Vinicius Teixeira, completam o elenco: Flora Menezes, Julia Ludolf, Marcos França, Vicente Coelho e Clara Santhana.

Outro destaque é o cenário assinado por Mina Quental, idealizado em cima de cubos coloridos e de acessórios que simbolizam as mudanças de ambientes como o apartamento de Gabriel, a sala de aula e o pátio da escola. Também fazem parte da equipe criativa Ana Luzia Molinari (iluminação) e Flávio Souza (figurino).

O musical está há três anos em circulação por todo o país, sempre com sucesso de público, e marca a primeira parceria de Renata Mizrahi com o produtor Bruno Mariozz, que, há nove anos, desenvolve um importante trabalho teatral voltado para o diálogo entre adultos e crianças, com temas profundos e sem subestimar a lógica infantil.

Em São Luís, serão duas sessões especiais do espetáculo infantil no TAA: no dia 15 de novembro, às 17h e às 19h, com classificação indicativa livre. Além de gratuitas, as sessões também contarão com acessibilidade de audiodescrição e intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras). E após cada apresentação, será realizado um debate sobre educação infantil com a plateia e o elenco da peça.

O TAA fica localizado na rua do Sol, S/N, no Centro de São Luís. Os ingressos estão disponíveis na bilheteria do teatro.

Oficina

Já no dia 16 de novembro, às 10h, também gratuita e no TAA, será oferecida uma oficina gratuita sobre dramaturgia infanto-juvenil, ministrada por Priscila Vidca, co-diretora do espetáculo. A oficina é destinada a quem quer aprender a escrever para o público infanto-juvenil e busca estimular a escrita para teatro a partir de cenas e textos pautados por temas contemporâneos na linguagem infantil.

No encontro, serão lidos textos de Renata Mizrahi e de outros autores. Entre as propostas da oficina, estão discussões sobre a dramaturgia para o conteúdo infanto-juvenil e, também, a realização de exercícios de escrita. A intenção é que os alunos possam criar cenas com motivação dos personagens, a partir também da importância de diálogos criativos. Nesta oficina, eles [os alunos] poderão aprender também sobre a construção básica de texto como sinopse, destaca a diretora Priscila Vidca sobre a oficina.

As inscrições são gratuitas e destinadas a estudantes, profissionais e o público em geral.

Histórico do musical

O espetáculo ganhou 1º lugar no edital da Eletrobrás Furnas em 2019 e estreou em janeiro de 2020, no Sesc Tijuca, no Rio de Janeiro. Durante a pandemia, fez sessões on-line gratuitas nas unidades do Sesc Rio. Em outubro de 2021, retornou presencialmente no Teatro Petra Gold, com uma temporada de um mês, obtendo enorme sucesso de público e ganhou primeiro lugar no Circuito Sesi, onde se apresentou em novembro nos teatros Sesi Duque de Caxias e Jacarepaguá.

Em agosto de 2022, o musical foi apresentado no Sesc Valença (RJ) e fez três apresentações no Teatro dos 4, no Shopping da Gávea. Também fez uma apresentação para as turmas da escola São Vicente de Paula (Cosme Velho) e para a ONG Vinde A Mim, na Tijuca, também no Rio de Janeiro. Em 2022, ficou novamente em 1º lugar - desta vez, no edital de Ocupação Glauce Rocha da Funarte, e se apresentou no mês de abril de 2023, com sucesso de público.

Em junho, a peça se apresentou no Festival do Midrash. Em julho, fez duas apresentações em Itaguaí através do edital da Vale e foi selecionada para o Festival de Teatro Musical de Niterói. Em agosto, a peça se apresentou no Festival de Teatro do CBTIJ, na Arena Jovelina Pérola Negra.

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Sobre o autor: Maurício Araya é jornalista profissional (DRT-MA nº 1.139), com ênfase em produção de conteúdo para Web, edição de fotos e vídeos e desenvolvimento de infográficos; com passagem pelas redações do Imirante.com e g1 no Maranhão; e vencedor, por dois anos (2014 e 2015), da etapa estadual do Prêmio Sebrae de Jornalismo, na categoria Webjornalismo. Saiba mais

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